http://sapereaudeon.blogspot.com.br/2010/10/busca-pela-sabedoria-na-grecia-antiga.html
O presente
capítulo nos apresenta a como se dá a sucessão dos estudos literários. Um
elemento importantíssimo é o conflito que há entre os professores desses níveis
pelo fato de alguns se dedicarem ao ensino em mais de um nível:
A cada um dos três graus, primário, secundário e
superior corresponde, para o ensino das letras, um mestre especializado: ao
instrutor primária [...] sucede o "gramático" [...] e a este o
retórico [...]. A distinção teórica esvaece-se, às vezes, de fato: sem falar
nas regiões coloniais, onde o ensino não estava talvez organizado de maneira
completa, podia acontecer que um mesmo professor tivesse interesse em atender
duas clientelas: ao que parece, isto era normal em Rodes, a grande cidade
universitária do século I a. C.: Aristodemo de Nisa, por exemplo, aí ensinava a
retórica pela manhã e a gramática à tarde. (p. 251)
A principal
queixa é dos retóricos para com os gramáticos:
Tal fenômeno cala freqüentemente como um abuso, como
uma pretensão inaceitável por parte destes últimos; é, entretanto,
inevitável. Observa-se isto também nos dias de hoje: vimos nosso ensino
primário entufar-se de pretensões "encoclopédicas" à imitação do
secundário; este, por sua vez, arrebanhou ao superior o programa de suas aulas
científicas e os métodos filológicos de seu ensino literário. Constatamos algo
de semelhante na época helenística e romana: os gramáticos terminaram por
anexar uma parte do domínio próprio dos retores, e, talvez, por seu turno, o
gramatista invadiu o terreno de seu colega secundário. (p. 251-252)
Trata-se de um
fenômeno que parece ser característico do período helenístico:
Como se trata de um desenvolvimento contínuo, é difícil
precisar e datar os diferentes estágios desta evolução (nossas fontes latinas
permitem-nos constatar somente que a "usurpação" dos gramáticos sobre
os retóricos era um fato consumado desde os meados do século I a. C.): eis por
que também nossa análise dos estudos literários próprios do escalão secundário
deve apresentar-se certa imprecisão quanto a seus limites. A duração desses
estudos e a idade em que começam não podem ser fixados com precisão. (p. 252)
MARROU,
Henri-Irenée. Os estudos literários secundários. In: ___. História da
educação na antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 251-274.
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