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Primeiras escolas de medicina
Como já foi dito
no texto que trata da pederastia as escolas vão se constituindo no sistema
educacional predominante, chegando a constituir escolas de medicina, por
exemplo.
E de filosofia
E a filosofia
faz o mesmo caminho
O pitagorismo, enfim, realiza esta ambição pedagógica
numa instituição apropriada: a escola filosófica. Esta, tal como aparece em
Metaponte ou em Crotona, não é mais uma simples hetaria do tipo antigo, ligando
mestre e discípulos no âmbito de relações pessoais; é uma verdadeira escola,
que absorve o homem por inteiro e lhe impõe um estilo de vida; é uma
instituição organizada, com sua sede, suas leis, suas reuniões regulares, que
toma a forma de uma confraria religiosa consagrada as Musas e, depois da morte
de seu fundador, ao culto de Pitágoras heroificado. Instituição característica,
será mais tarde imitada pela Academia de Platão, pelo Liceu de Aristóteles,
pela escola de Epicuro, e permanecerá como a forma típica da escola grega. (p.
82)
O novo ideal político
Os Sofistas
criam suas escolas com o objetivo de concretizar seu ideal político: [...]
“equipar o espírito do cidadão para a carreira de homem de Estado, formar a
personalidade do futuro dirigente da cidade – tal é o programa que êles
concebem.” (p. 83)
Os sofistas como educadores
Qual a origem
desses educadores? A esse respeito o autor nos diz: “de origem diversa,
itinerantes por exigências profissionais, todos estagiaram em Atenas, por maior
ou menor lapso de tempo: com êles Atenas se converte no crisol em que se
elabora a cultura grega.” (p. 84-5) O fato de todos estagiarem em Atenas nos dá
a idéia da importância dessa cidade para a educação de toda a Grécia.
Esses
profissionais não têm muitas características comuns do ponto de vista teórico,
é do ponto de vista profissional que há coisas em comum e a principal é que
eles encaram seu trabalho como um negócio, um comércio:
De resto, era êsse o único traço que possuíam em
comum: incertas e diversas, suas idéias são demasiado fugazes para poder-se
ligá-los a uma determinada escola, no sentido filosófico da palavra; êles têm,
em comum, apenas seu ofício de professores. Saudamos êsses grandes
antepassados, os primeiros professores de ensino superior, quando a Grécia
conhecia apenas treinadores esportivos, mestres de artesanato e, no plano escolar,
humildes mestres-escolas. A respeito dos sarcasmos dos Socráticos, impregnados
de preconceitos consevantistas, reverencio nêles, em primeiro lugar, a condição
de homens de negócio, para os quais o ensino é uma profissão cujo êxito
comercial lhe atesta o valor intrínseco e a eficácia social. (p. 85-6)
O ofício de professor
Como se dava a
remuneração desses professores?
É, pois, interessante conhecer, com alguma precisão, a
maneira pela qual êles exerceram seu ofício. Não abriram escolas, no sentido
institucional dessa palavra; seu método, ainda bastante próximo daquele das
origens, pode-se definir como um preceptor coletivo. Agrupam êles, em torno de
si, os jovens que lhe são confiados e de cuja formação completa se incumbem;
esta requer, ao que se impõem, três ou quatro anos. Tal serviço é prestado
contra remuneração: Protágoras pedia a considerável quantia de dez mil dracmas
(a dracma, [...] representa o salário diário de operário qualificado). Seu
exemplo servirá por muito tempo de modêlo, mas os preços abaixarão rapidamente:
no século seguinte (entre 393 e 338). Isócrates não pedirá mais de mil dracmas
e lamentará que concorrentes desleais aceitem receber a bagatela de
quatrocentas ou mesmo trezentas dracmas. (p. 86)
Quem foi o
percursor desse modo de ensino? “Protágoras foi o primeiro a propor um ensino
dêste tipo comercializado: não havia, antes dêle, semelhante instituição”
[...]. (p. 86)
Quais foram às
dificuldades no início? [...] “Sofistas não encontraram, pois, uma clientela já
feita: foi-lhes necessário grangeá-la, persuadir o público a recorrer a seus
serviços, o que explica tôda uma série de expedientes publicitários.” (p. 86)
Que métodos eram
utilizados para conquistar essa clientela?
[...] “o Sofista vai de cidade em cidade à cata de
alunos, levando atrás de si aquêles que já arrebanhou. Para fazerem-se
conhecer, para manifestarem a excelência de seu ensino e darem mostras de sua
habilidade, os Sofistas oferecem de grado uma exibição [...], seja na cidade
aonde seu itinerário os conduz, seja num santuário pan-helenico como Olímpia,
onde se aproveitam [...] do público internacional que aí se acha reunido por
ocasião doa jogos: a mostra pode ser um discurso cuidadosamente excogitado ou,
ao contrário, um brilhante improviso sôbre qualquer assunto proposto, uma
discussão livremente encetada de omni re
scibili, ao gosto do público. Com isso, inauguram êles o gênero literário
da conferência, desde a Antiguidade fadado a tão espantoso sucesso. (p. 86-7)
A técnica política
O que norteia o
ensino dos Sofistas e o que motiva a crítica dos filósofos é que [...] “êles
não ensinam a seus alunos nenhuma verdade sôbre o ser ou sôbre o homem, mas tão
somente a terem sempre razão, em qualquer circunstância.” (p. 89) A intenção
dos Sofistas é formar homens que sejam capazes de ter sucesso na vida política.
Para tanto davam ênfase a dialética,
a retórica e a cultura geral.
A reação socrática
Sócrates critica
fortemente os Sofistas, essa crítica se dá em virtude do extremo utilitarismo
desses.
A inteligência contra o esporte
Os Sofistas são
severamente contra os esportes, para eles apenas o conhecimento intelectual tem
valor.
É aqui que o
educador, enquanto profissional, aparece. Os Sofistas seriam o que chamamos
hoje de profissionais liberais, “correm atrás” da sua clientela oferecendo seus
serviços aos que poderem e quiserem pagar. A situação não parece fácil, nos
primeiros tempos há a dificuldade de vender um serviço que não é conhecido e
que sofre de preconceito, num segundo momento esse modelo de ensino se torna
preponderante (o que deve ter gerados bons resultados financeiros para esses
profissionais), mas esses bons resultados levam a um crescimento do número de
interessados nessa profissão. O crescimento no número de profissionais em
relação a uma demanda que já estabilizou acarretará na queda dos preços
praticados o que voltará a colocar esses profissionais na berlinda. Também
podemos verificar que estes se utilizam de técnicas para convencer o público da
importância e vantagens de seus serviços (as conferências).
O cidadão grego
aspirava ao sucesso na vida política e os Sofistas prometiam dar a estes a
condição de alcançar esse sucesso. Para tanto prestam uma educação uma educação
técnica (dialética, retórica, etc).
O ponto mais
importante é que estes são na educação grega os primeiros profissionais da
educação.
MORROU, Henri-Irénée. A
contribuição inovadora da primeira sofistica. In: ___. História da educação na antiguidade. São Paulo: EPU, 1975. p.
81-102.
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