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terça-feira, 30 de abril de 2013

OS ESTUDOS LITERÁRIOS SECUNDÁRIOS


http://sapereaudeon.blogspot.com.br/2010/10/busca-pela-sabedoria-na-grecia-antiga.html

O presente capítulo nos apresenta a como se dá a sucessão dos estudos literários. Um elemento importantíssimo é o conflito que há entre os professores desses níveis pelo fato de alguns se dedicarem ao ensino em mais de um nível:

A cada um dos três graus, primário, secundário e superior corresponde, para o ensino das letras, um mestre especializado: ao instrutor primária [...] sucede o "gramático" [...] e a este o retórico [...]. A distinção teórica esvaece-se, às vezes, de fato: sem falar nas regiões coloniais, onde o ensino não estava talvez organizado de maneira completa, podia acontecer que um mesmo professor tivesse interesse em atender duas clientelas: ao que parece, isto era normal em Rodes, a grande cidade universitária do século I a. C.: Aristodemo de Nisa, por exemplo, aí ensinava a retórica pela manhã e a gramática à tarde. (p. 251)

A principal queixa é dos retóricos para com os gramáticos:

Tal fenômeno cala freqüentemente como um abuso, como uma pretensão inaceitável por parte destes últimos; é, entretanto, inevitável. Observa-se isto também nos dias de hoje: vimos nosso ensino primário entufar-se de pretensões "encoclopédicas" à imitação do secundário; este, por sua vez, arrebanhou ao superior o programa de suas aulas científicas e os métodos filológicos de seu ensino literário. Constatamos algo de semelhante na época helenística e romana: os gramáticos terminaram por anexar uma parte do domínio próprio dos retores, e, talvez, por seu turno, o gramatista invadiu o terreno de seu colega secundário. (p. 251-252)
           
Trata-se de um fenômeno que parece ser característico do período helenístico:

Como se trata de um desenvolvimento contínuo, é difícil precisar e datar os diferentes estágios desta evolução (nossas fontes latinas permitem-nos constatar somente que a "usurpação" dos gramáticos sobre os retóricos era um fato consumado desde os meados do século I a. C.): eis por que também nossa análise dos estudos literários próprios do escalão secundário deve apresentar-se certa imprecisão quanto a seus limites. A duração desses estudos e a idade em que começam não podem ser fixados com precisão. (p. 252)

MARROU, Henri-Irenée. Os estudos literários secundários. In: ___. História da educação na antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 251-274.

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