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domingo, 21 de abril de 2013

A CONTRIBUIÇÃO INOVADORA DA PRIMEIRA SOFISTICA


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Primeiras escolas de medicina

Como já foi dito no texto que trata da pederastia as escolas vão se constituindo no sistema educacional predominante, chegando a constituir escolas de medicina, por exemplo.

E de filosofia

E a filosofia faz o mesmo caminho

O pitagorismo, enfim, realiza esta ambição pedagógica numa instituição apropriada: a escola filosófica. Esta, tal como aparece em Metaponte ou em Crotona, não é mais uma simples hetaria do tipo antigo, ligando mestre e discípulos no âmbito de relações pessoais; é uma verdadeira escola, que absorve o homem por inteiro e lhe impõe um estilo de vida; é uma instituição organizada, com sua sede, suas leis, suas reuniões regulares, que toma a forma de uma confraria religiosa consagrada as Musas e, depois da morte de seu fundador, ao culto de Pitágoras heroificado. Instituição característica, será mais tarde imitada pela Academia de Platão, pelo Liceu de Aristóteles, pela escola de Epicuro, e permanecerá como a forma típica da escola grega. (p. 82)

O novo ideal político

Os Sofistas criam suas escolas com o objetivo de concretizar seu ideal político: [...] “equipar o espírito do cidadão para a carreira de homem de Estado, formar a personalidade do futuro dirigente da cidade – tal é o programa que êles concebem.” (p. 83)

Os sofistas como educadores

Qual a origem desses educadores? A esse respeito o autor nos diz: “de origem diversa, itinerantes por exigências profissionais, todos estagiaram em Atenas, por maior ou menor lapso de tempo: com êles Atenas se converte no crisol em que se elabora a cultura grega.” (p. 84-5) O fato de todos estagiarem em Atenas nos dá a idéia da importância dessa cidade para a educação de toda a Grécia.

Esses profissionais não têm muitas características comuns do ponto de vista teórico, é do ponto de vista profissional que há coisas em comum e a principal é que eles encaram seu trabalho como um negócio, um comércio:

De resto, era êsse o único traço que possuíam em comum: incertas e diversas, suas idéias são demasiado fugazes para poder-se ligá-los a uma determinada escola, no sentido filosófico da palavra; êles têm, em comum, apenas seu ofício de professores. Saudamos êsses grandes antepassados, os primeiros professores de ensino superior, quando a Grécia conhecia apenas treinadores esportivos, mestres de artesanato e, no plano escolar, humildes mestres-escolas. A respeito dos sarcasmos dos Socráticos, impregnados de preconceitos consevantistas, reverencio nêles, em primeiro lugar, a condição de homens de negócio, para os quais o ensino é uma profissão cujo êxito comercial lhe atesta o valor intrínseco e a eficácia social. (p. 85-6)  

O ofício de professor

Como se dava a remuneração desses professores?

É, pois, interessante conhecer, com alguma precisão, a maneira pela qual êles exerceram seu ofício. Não abriram escolas, no sentido institucional dessa palavra; seu método, ainda bastante próximo daquele das origens, pode-se definir como um preceptor coletivo. Agrupam êles, em torno de si, os jovens que lhe são confiados e de cuja formação completa se incumbem; esta requer, ao que se impõem, três ou quatro anos. Tal serviço é prestado contra remuneração: Protágoras pedia a considerável quantia de dez mil dracmas (a dracma, [...] representa o salário diário de operário qualificado). Seu exemplo servirá por muito tempo de modêlo, mas os preços abaixarão rapidamente: no século seguinte (entre 393 e 338). Isócrates não pedirá mais de mil dracmas e lamentará que concorrentes desleais aceitem receber a bagatela de quatrocentas ou mesmo trezentas dracmas. (p. 86)

Quem foi o percursor desse modo de ensino? “Protágoras foi o primeiro a propor um ensino dêste tipo comercializado: não havia, antes dêle, semelhante instituição” [...]. (p. 86)

Quais foram às dificuldades no início? [...] “Sofistas não encontraram, pois, uma clientela já feita: foi-lhes necessário grangeá-la, persuadir o público a recorrer a seus serviços, o que explica tôda uma série de expedientes publicitários.” (p. 86)

Que métodos eram utilizados para conquistar essa clientela?

[...] “o Sofista vai de cidade em cidade à cata de alunos, levando atrás de si aquêles que já arrebanhou. Para fazerem-se conhecer, para manifestarem a excelência de seu ensino e darem mostras de sua habilidade, os Sofistas oferecem de grado uma exibição [...], seja na cidade aonde seu itinerário os conduz, seja num santuário pan-helenico como Olímpia, onde se aproveitam [...] do público internacional que aí se acha reunido por ocasião doa jogos: a mostra pode ser um discurso cuidadosamente excogitado ou, ao contrário, um brilhante improviso sôbre qualquer assunto proposto, uma discussão livremente encetada de omni re scibili, ao gosto do público. Com isso, inauguram êles o gênero literário da conferência, desde a Antiguidade fadado a tão espantoso sucesso. (p. 86-7)

A técnica política

O que norteia o ensino dos Sofistas e o que motiva a crítica dos filósofos é que [...] “êles não ensinam a seus alunos nenhuma verdade sôbre o ser ou sôbre o homem, mas tão somente a terem sempre razão, em qualquer circunstância.” (p. 89) A intenção dos Sofistas é formar homens que sejam capazes de ter sucesso na vida política. Para tanto davam ênfase a dialética, a retórica e a cultura geral.

A reação socrática

Sócrates critica fortemente os Sofistas, essa crítica se dá em virtude do extremo utilitarismo desses.

A inteligência contra o esporte

Os Sofistas são severamente contra os esportes, para eles apenas o conhecimento intelectual tem valor.

É aqui que o educador, enquanto profissional, aparece. Os Sofistas seriam o que chamamos hoje de profissionais liberais, “correm atrás” da sua clientela oferecendo seus serviços aos que poderem e quiserem pagar. A situação não parece fácil, nos primeiros tempos há a dificuldade de vender um serviço que não é conhecido e que sofre de preconceito, num segundo momento esse modelo de ensino se torna preponderante (o que deve ter gerados bons resultados financeiros para esses profissionais), mas esses bons resultados levam a um crescimento do número de interessados nessa profissão. O crescimento no número de profissionais em relação a uma demanda que já estabilizou acarretará na queda dos preços praticados o que voltará a colocar esses profissionais na berlinda. Também podemos verificar que estes se utilizam de técnicas para convencer o público da importância e vantagens de seus serviços (as conferências).

O cidadão grego aspirava ao sucesso na vida política e os Sofistas prometiam dar a estes a condição de alcançar esse sucesso. Para tanto prestam uma educação uma educação técnica (dialética, retórica, etc).

O ponto mais importante é que estes são na educação grega os primeiros profissionais da educação.

MORROU, Henri-Irénée. A contribuição inovadora da primeira sofistica. In: ___. História da educação na antiguidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 81-102.

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