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domingo, 2 de junho de 2013

O HUMANISMO CLÁSSICO


http://oridesmjr.blogspot.com.br/2011/12/cristianismo-e-humanismo-classico.html

O domínio da técnica tem importância, porém a educação moral é mais importânte e a antecede em termois de prioridade, isso se reflete, inclusive, na valoração do papel dos educadores. O pedagogo, apesar de sua condição de escravo tem um papel considerado mais importante

Bem significativa, a este respeito, é a evolução semantica (estimulada desde o período helenístico) que conduziu o termo "pedagogo" a seu sentido atual de “educador": na formação da infância este humilde servo empenhava, efetivamente, um papel mais importante que o mestre-escola; este último é apenas um técnico, adstrito a um setor limitado da inteligência; o pedagogo, ao contrario, acompanha a criança o dia inteiro, inicia-a nas boas maneiras e na virtude, ensina-a a conduzir-se no mundo e na vida (o que importa mais do que saber ler ...). (p. 345)

Com o tempo os profissionais da educação irão desenvolver o  ensino de seus conteúdos técnicos envoltos em uma atmosfera moralizadora

[...] o gramático que explica Homero e o retóríco que ensina a bem falar insistem de quando em quando, no sentido moralizador de seus autores ou de seus exercícios. Quanto ao filósofo na época a que chegamos, aspira ele menos a desvendar a natureza profunda do universo ou da sociedade do que a ensinar, de maneira mais prática que teórica, um ideal ético, um sistema de valores morais e o estilo de vida adequado que permite realizá-Ios. (p. 346)

Esse sentido prático que irá se configurar em um estilo de vida moralizador por parte do irá promover (ou continuar promovendo) uma estreita ligação entre mestre e discípulo

Daí a idéia de que toda formação superior supõe um laço profundo, total e pessoal, entre o mestre e o discípulo - laço em que, como vimos, o elemento afetivo, senão passional, desempenha papel importantíssimo. Isto explica o interminável escândalo causado pela comercialização do ensino, introduzida pelos primeiros sofistas, bem como a inexistência, na Antigüidade, de estabelecimentos de ensino superior propriamente ditos, que equivalessem a estas grandes lojas de cultura que são as nossas modernas Universidades: para os gregos, a escola é o grupinho fervoroso reunido pelo prestigio de um mestre, e que consolida sua unidade num regime de vida mais ou menos contubernal, propício às relações estreitas. (p. 346)
           
Por esses motivos a civilização grega pode ser caracterizada como humanista, pois

[...] o ideal clássico transcende a técnica: humano em princípio, o homem cultivado, ainda que se torne um especialista de alta qualificação, deve cuidar de permanecer, fundamentalmente, um homem. Neste ponto também, o confronto com o espírito antigo é instrutivo para o moderno. Padecemos de flagrante superestimação metafísica da técnica: talvez nos seja útil ouvir os gregos insistirem na finalidade humana, única coisa capaz de legitimar toda atividade especial. (p. 351)

MARROU, Henri-Irinée. Conclusão: o humanismo clássico. In: ___. História da educação na antiguidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 339-353.

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