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domingo, 30 de junho de 2013

AS ESCOLAS ROMANAS: ENSINO PRIMÁRIO


http://bloglanostraitalia.blogspot.com.br/2010/11/curiosidades-da-antiga-roma.html

Como já vimos a educação romana imita quase na totalidade a educação grega, o que nesse capítulo Marrou reafirma: “Os três capítulos que se seguem são, em certo sentido, quase inúteis: as escolas romanas, quer se trate do seu quadro, do seu programa, dos seus métodos, limitam-se a imitar as escolas helenísticas” [...] (p. 411) O mesmo se dá em relação a estrutura educacional:

Em Roma, pois, como em país de lingua graga, há três graus sucessivos de ensino, aos quais correspondem, normalmente, três tipos de escolas confiada a três mestres especializados: aos sete anos, a criança entra na escola primária, donde saí por volta dos onze ou doze para a do grammaticus; na idade em que recebe a toga viril, aos quinze anos às vezês, passa para o retórico: os estudos superiores duram até por volta dos vinte ano, embora possam estender-se além. (p. 412)

O professor responsável pela alfabetização também é nos mesmos moldes

Para designar o mestre primário, os latinos empregam algumas vezês a palavra, criada sobre o modelo [...] grego [...], “o que ensina as letras”, mas preferem dizer primus magister e, as mais das vezês, 'mestre-escola', magister ludi, magister ludi litterarii: preferência significativa; em Roma, como na Grécia, o ensino coletivo no seio de uma escola é a regra geral. (p. 412)

O pedagogo grego encontra em Roma o seu correspondente: [...] “a educação doméstica confiada a um mestre particular, normalmente um escravo ou um alforriado da casa, não esteja alí representada; ela o está até melhor que em terra grega” (p. 412)

Como podemos ver na citação abaixo há em algumas circunstâncias educação escola inclusive para alguns escravos:

Compreende-se sem dificuldade que, entre as características, os milhares de escravos que os romanos ricos do império possíam, se encontrava necessariamente em considerável número de crianças: eram reunidos, para sua educação, numa escola doméstica ou paedagogium: conhecemos bem a dos jovens escravos do imperador, entregue a direção de um “pedagogo dos (jovens) servidores de César”, assistido por subpedagogos. (p. 413)

O pedagogo, a moda grega, também tem lugar nessa educação: “Os romanos também haviam adotado o costume grego do escravo acompanhante” [...]. (p. 414) Este, também, pode vir a exercer a função de repetidor:

Quando bem escolhido, pode ele ascender ao papel de repetidor, e até ao de verdadeiro mentor, arcando com a formação moral da criança: conservamos, por exemplo, o comovente epitáfio que um aluno reconhecido consagrou aquele que fora “seu pedagogo e seu educador”, [...] (e aliás seu tutor também: trata-se de um homem livre, sacristão do templo de Diana, e não, como de ordinário, de um escravo ou de um alforriado da família. (p. 414)  

As tarefas do mestre escola também correspondem ao que ocorria na Grécia:

O pedagogo conduzia seu pequeno senhor à escola, chamada ()por antifrase, acreditava-se) ludus litterarius: conhecemos o seu aspécto material um pouco melhor que a da escola grega. Não que fôsse mais importante: o magister latino contenta-se, para estabelecer-se, com um alpendre (pergula); preferem-se sobretudo os que se abrem nos pórticos do foro: constatamo-lo em Roma como em Pompéia ou em Cartago. A aula ministra-se quase ao ar livre, sumariamente isolada dos barulhos e das curiosidades da rua por meio de um tambique (velum); as crianças, sentadas em escabelos sem emcôsto (não tem necessidade de mesas, escrevem sôbre joelhos), são agrupadas em torno do mestre, que pontifica de sua cadeira (cathedra) posta sobre um estrado, e assistido às vezes por um ajudante (hypodidascalos) (p. 414)

Como já vimos os educadores tem as mesmas origens (escravos ou ex-escravos) e são igualmente valorizados como os educadores gregos, ou melhor dizendo, tem a mesma desvalorização:

Não nos deixemos impressionar por esta encenação; o mestre de primeiras letras continua sendo, em Roma como na Grécia, um joão-ninguém; sua profissão é a última das profissões, rem indignissimuam, fatigante e penosa, mal paga: em 301 d.C., O Estado de Dioclesiano fixa o salário do magister no mesmo nível do pedagogo, ou seja, 50 denários por aluno e por mês: no tempo em que um alqueire de frumento custava 100 nários, seria preciso reunir uma classe de trinta alunos para receber um salário equivalente ao de um operário qualificado, um pedreiro ou um carpinteiro, por exemplo, e não é certo, malgrado os avanços da pedagogia antiga, que muitas classes hajam atingido esta cifra. Assim, não pode surpreender que um mestre de primeiras letras de Campânia procure trabalho supletório na redação de testamentos.
Todo salário era considerado degradante pela aristogratica sociedade antiga, tanto pela latina como pela grega; a profissão de instrutor (a palavra já está em uso desde o tempo de Dioclesiano, cujo Edito, já citado, fala do magister institutor litterarum) nenhum prestigio confere  ao que a exerce; é bom para escravos, alforriados ou gentalha: obscura initia, diz Tácito de um novorico que começou por aí. Acrescentemos por enfim que o mestre escolar é muitas vêses suspeito do ponto de vista moral: gaba-se um, no elogio do seu epitáfio, de haver sido, rara exceção “de perfeita correção com respeito a seus alunos”, summa castitate in discipulos suos. (p. 414-415)

            Há indícios de que haviam “professores” de calculo, a existência deste se daria porque “a técnica aprofundada do cálculo escapa à competência do magister ludi, é ensinada por um especialista, o calculador” [...]. Não há maiores informações sobre este.     

MARROU, Henri-Irinée. As escolas romanas: ensino primário. In: ___. História da Educação na antiguidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 411-422. 

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