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domingo, 7 de julho de 2013

AS ESCOLAS ROMANAS: ENSINO SECUNDÁRIO


http://intranet.grundel.nl/thinkquest/grammaticus.html

AS ESCOLAS DO “GRAMATICUS”.

O presente capítulo faz uma análise do ensino secundário ministrado pelo gramaticus:

Elevamo-nos, pois, um grau a mais; e é bem verdade que a escola do gramático em que entramos agora possui algo mais avançado: vemos o grammaticus, gravemente envolvido em seu manto, dirigido sua classe ornada com os bustos dos grandes escritores, Virgilio, Horácio..., e até com mapas murais de geografia. Mas não estamos ainda muito alto: a sala de aula continua sendo um eirado do forum, fechado com um tabique junto do qual o mestre, subdoctor ou proscholus, faz as vêzes de porteiro. (p. 424)

As suas condições são superiores a do magister ludi, porém, não chega a se constituir uma situação confortável:
 
O grammaticus propriamente dito tem, sem dúvida, uma condição superior à do simples mestre de primeiras letras. O edito de Diocleciano (ano 301 d. C.) prevê para o gramático uma remuneração quatro vezes superior à do instrutor, ou seja, duzentos denários por aluno e por mês, o - que nem sempre representa o equivalente de quatro dias de trabalho de um operário qualificado. Sem dúvida, os fastos universitários compilados por Suetônio conservam a lembrança de carreiras excepcionalmente brilhantes: gramáticas como Q. Rêmio Palémon tiravam do seu ensino uma renda anual de 400.000 sestércios, ou seja, o capital exigido para o grau de cavaleiro, capital suficiente para levar a vida burguesa de um capitalista. Mas, por outro lado, quantos professôres célebres, como o famoso L. Orbílio, curtiram, segundo testemunho do mesmo Suetônio, uma vida lamentáve e morreram na miséria em algum telheiro! (p. 424)
Não se duvide disto: o primeiro caso representa; a exceção e o último a regra. O ofício de gramatico continua sendo, em geral, mal remunerado, e se magro salário, rara merces, não é sequer pago regularmente, tal a desconsideração dos pais para com os mestres os quais amiúde oferecem bem poucas garantias do ponto de vista moral e cuja origem social quase não assegura prestígio: muitos são de origem servil e é inclusive uma profissão que recolhe o restôlho social: crianças achadas, arruinadas ou perdidas. (p. 424-425)

Assim como na Grécia há conflitos entre os mestres a respeito de “fronteiras” relativas a conteúdos:

Os outros poetas latinos, Horácio por exemplo, não deixam de ser lidos nas escolas, porém seu papel é mais apagado; quanto aos prosadores, historiadores e oradores, não são, em princípio, da competência do gramaticus: são lidos e comentados pelo retórico, embora a fronteira entre os dois graus não seja, como já disse, demasiado flutuante: o estudo dos historiadores é às vêzes reinvindicado pelo gramático. (p. 429)

Seguindo a tendência iniciada pela helenismo as disciplinas cientificas tem um papel apagado:

Havia realmente, no Império Romano, professores de matemática, geômetras, “músicos”: sua existência é atestada do século I ao IV; seu ensino, entretanto, só interessava a uma minoria de alunos, e supunha nestes uma vocação especial, de ordem cientifica ou técnica. De modo geral, o ensino secundário limitava-se ao do gramático. (p. 434)

MARROU, Henri-Irénnée. As escolas romanas: II. Ensino secundário. In: ___. História da educação na antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 423-435.

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