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domingo, 21 de julho de 2013

A OBRA EDUCATIVA DE ROMA


http://imperioromano-marius70.blogspot.com.br/2008/04/o-ensino-no-imprio-romano.html

Com a intenção de construir uma unidade nacional há um esforço por parte das autoridades romanas para a constituição de uma identidade nacional, para tanto ocorrem tentativas de romanizar as áreas periféricas

Por toda parte, nos paises "bárbaros" do Ocidente deparamos os efeitos de uma política, deliberada e consciente, de romanização. Tomemos o caso da Espanha, desde 79 a. C., Sertório, que nem por haver rompido com a legalidade de uma República empolgada pela aristocracia se considerava menos representante da idéia romana, reúne em Osca os filhos das melhores famílias da Espanha, evidentemente para assegurar-se a fidelidade dos chefes indigenas, mas manda educar à romana estes jovens reféns: eles nos são mostrados, vestidos com a pretexta e a bulia ao pescoço, iniciando-se nas letras gregas e latinas. Sob o Império, topamos com os resultados da política assim encetada: do norte ao sul: da peninsular, encontramos toda uma rede de escolas. Há escolas elementares até num pequeno centro mineiro da Lusitânia meridional; em todas as cidades um pouco importantes há gramáticos, latinos ou gregos, professôres de retórica latina ou grega. Como então nos admirarmos de ver a Península Ibérica desempenhar um papel tão ativo na vida romana, trazer-lhe, em troca, tantos grandes escritores (os Sêneca, Lucano, Quintiliano, Marcial), tantos administradores e homens políticos e, a partir de Trajano, até imperadores? (p. 450)
           
Este processo de romanização tem na educação um instrumento importantissimo, o que leva o Estado romano a investir na constituição de escolas em inúmeras cidades e na contratação de profissionais:

Na África, onde o latim começava a difundir-se desde o tempo de César, reencontramos também, sob o Império, em quase toda parte, mestres gramáticos e retóricos, homens cultos, como o jovem de Setif [...] (p. 450)
A Gália não cede o passo à África: ela também era uma terra de eleição para a gramática e a eloqüência; ali também, apoiada em uma rede de escolas onde desde logo ensinam mestres célebres, a romanização realizou, muito cedo, imensos progressos. (p. 451)
Conhecidos estes limites, permanece verdadeiro que o conjunto do Império estava coberto por uma rede bastante densa de instituições escolares: mestres de escolas elementares por toda parte, gramáticos e, em seguida, retores nos centros mais importantes. (p. 453)

A citação a seguir nos dá idéia de quais são os grandes centros educacionais e da condição privilegiado da capital Roma, privilégio decorrente do apoio que o estado romano dá:

Sua preeminência, tanto no plano intelectual como nos outros, é bem mais ostensiva no Ocidente do que no Oriente, a de qualquer outro centro: Constantinopla só conseguirá suplantá-Ia durante o segundo período da história bizantina, tão durável houvera sido o prestigio de Atenas, de Alexandria, de Antioquia e (no direito) de Beirute. É em Roma que se encontram os gramáticos e os retóricas, latinos ou gregos, mais famosos: veremos que o favor imperial foi empregado para ali atrai-Ios e retê-Ios. Em todo o Ocidente, é apenas em Roma, talvez, que se encontra um ensino organizado da filosofia; é ali, particularmente, que se encontra o único centro ofiacial de ensino do direito para o Oeste do Império. Esta disciplina, extraordinàriamente requisitada, atrai a Roma grande número de estudantes provincianos, oriundos não apenas da Itália inteira, mas também da África, da Gália, das províncias danubianas e mesmo do Oriente grego. (p. 456)

MARROU, Henri-Irénée. A obra educativa de Roma. In: ___. História da Educação na antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 447-456.

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