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AS ESCOLAS DO
“GRAMATICUS”.
O presente
capítulo faz uma análise do ensino secundário ministrado pelo gramaticus:
Elevamo-nos, pois, um grau a mais; e é bem verdade que
a escola do gramático em que entramos agora possui algo mais avançado: vemos o grammaticus,
gravemente envolvido em seu manto, dirigido sua classe ornada com os bustos
dos grandes escritores, Virgilio, Horácio..., e até com mapas murais de
geografia. Mas não estamos ainda muito alto: a sala de aula continua sendo um
eirado do forum, fechado com um tabique junto do qual o mestre, subdoctor ou
proscholus, faz as vêzes de porteiro. (p. 424)
As suas condições
são superiores a do magister ludi, porém, não chega a se constituir uma
situação confortável:
O grammaticus propriamente dito tem, sem
dúvida, uma condição superior à do simples mestre de primeiras letras. O edito
de Diocleciano (ano 301 d. C.) prevê para o gramático uma remuneração quatro
vezes superior à do instrutor, ou seja, duzentos denários por aluno e por mês,
o - que nem sempre representa o equivalente de quatro dias de trabalho de um
operário qualificado. Sem dúvida, os fastos universitários compilados por
Suetônio conservam a lembrança de carreiras excepcionalmente brilhantes:
gramáticas como Q. Rêmio Palémon tiravam do seu ensino uma renda anual de
400.000 sestércios, ou seja, o capital exigido para o grau de cavaleiro,
capital suficiente para levar a vida burguesa de um capitalista. Mas, por outro
lado, quantos professôres célebres, como o famoso L. Orbílio, curtiram, segundo
testemunho do mesmo Suetônio, uma vida lamentáve e morreram na miséria em algum
telheiro! (p. 424)
Não se duvide disto: o primeiro caso representa; a
exceção e o último a regra. O ofício de gramatico continua sendo, em geral, mal
remunerado, e se magro salário, rara merces, não é sequer pago
regularmente, tal a desconsideração dos pais para com os mestres os quais amiúde
oferecem bem poucas garantias do ponto de vista moral e cuja origem social
quase não assegura prestígio: muitos são de origem servil e é inclusive uma
profissão que recolhe o restôlho social: crianças achadas, arruinadas ou
perdidas. (p. 424-425)
Assim como na Grécia
há conflitos entre os mestres a respeito de “fronteiras” relativas a conteúdos:
Os outros poetas latinos, Horácio por exemplo, não
deixam de ser lidos nas escolas, porém seu papel é mais apagado; quanto aos
prosadores, historiadores e oradores, não são, em princípio, da competência do gramaticus:
são lidos e comentados pelo retórico, embora a fronteira entre os dois graus
não seja, como já disse, demasiado flutuante: o estudo dos historiadores é às
vêzes reinvindicado pelo gramático. (p. 429)
Seguindo a tendência
iniciada pela helenismo as disciplinas cientificas tem um papel apagado:
Havia realmente, no Império Romano, professores de
matemática, geômetras, “músicos”: sua existência é atestada do século I ao IV;
seu ensino, entretanto, só interessava a uma minoria de alunos, e supunha
nestes uma vocação especial, de ordem cientifica ou técnica. De modo geral, o
ensino secundário limitava-se ao do gramático. (p. 434)
MARROU,
Henri-Irénnée. As escolas romanas: II. Ensino secundário. In: ___. História
da educação na antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 423-435.
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