http://imperioromano-marius70.blogspot.com.br/2008/04/o-ensino-no-imprio-romano.html
Com a intenção
de construir uma unidade nacional há um esforço por parte das autoridades
romanas para a constituição de uma identidade nacional, para tanto ocorrem
tentativas de romanizar as áreas periféricas
Por toda parte, nos paises "bárbaros" do Ocidente deparamos
os efeitos de uma política, deliberada e consciente, de romanização. Tomemos o
caso da Espanha, desde 79 a. C., Sertório, que nem por haver rompido com a
legalidade de uma República empolgada pela aristocracia se considerava menos
representante da idéia romana, reúne em Osca os filhos das melhores famílias da
Espanha, evidentemente para assegurar-se a fidelidade dos chefes indigenas, mas
manda educar à romana estes jovens reféns: eles nos são mostrados, vestidos com
a pretexta e a bulia ao pescoço, iniciando-se nas letras gregas e
latinas. Sob o Império, topamos com os resultados da política assim
encetada: do norte ao sul: da peninsular, encontramos toda uma rede de escolas.
Há escolas elementares até num pequeno centro mineiro da Lusitânia meridional;
em todas as cidades um pouco importantes há gramáticos, latinos ou gregos,
professôres de retórica latina ou grega. Como então nos admirarmos de ver a
Península Ibérica desempenhar um papel tão ativo na vida romana, trazer-lhe, em
troca, tantos grandes escritores (os Sêneca, Lucano, Quintiliano, Marcial),
tantos administradores e homens políticos e, a partir de Trajano, até
imperadores? (p. 450)
Este processo de romanização tem na
educação um instrumento importantissimo, o que leva o Estado romano a investir
na constituição de escolas em inúmeras cidades e na contratação de profissionais:
Na África, onde o latim começava a difundir-se desde o
tempo de César, reencontramos também, sob o Império, em quase toda parte,
mestres gramáticos e retóricos, homens cultos, como o jovem de Setif [...] (p.
450)
A Gália não cede o passo à África: ela também era uma terra de eleição
para a gramática e a eloqüência; ali também, apoiada em uma rede de escolas
onde desde logo ensinam mestres célebres, a romanização realizou, muito cedo,
imensos progressos. (p. 451)
Conhecidos estes limites, permanece verdadeiro que o
conjunto do Império estava coberto por uma rede bastante densa de instituições
escolares: mestres de escolas elementares por toda parte, gramáticos e, em
seguida, retores nos centros mais importantes. (p. 453)
A citação a seguir nos dá idéia de quais
são os grandes centros educacionais e da condição privilegiado da capital Roma,
privilégio decorrente do apoio que o estado romano dá:
Sua preeminência, tanto no plano intelectual como nos
outros, é bem mais ostensiva no Ocidente do que no Oriente, a de qualquer outro
centro: Constantinopla só conseguirá suplantá-Ia durante o segundo período da
história bizantina, tão durável houvera sido o prestigio de Atenas, de
Alexandria, de Antioquia e (no direito) de Beirute. É em Roma que se encontram
os gramáticos e os retóricas, latinos ou gregos, mais famosos: veremos que o
favor imperial foi empregado para ali atrai-Ios e retê-Ios. Em todo o Ocidente,
é apenas em Roma, talvez, que se encontra um ensino organizado da filosofia; é
ali, particularmente, que se encontra o único centro ofiacial de ensino do
direito para o Oeste do Império. Esta disciplina, extraordinàriamente
requisitada, atrai a Roma grande número de estudantes provincianos, oriundos
não apenas da Itália inteira, mas também da África, da Gália, das províncias
danubianas e mesmo do Oriente grego. (p. 456)
MARROU,
Henri-Irénée. A obra educativa de Roma. In: ___. História da Educação na
antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 447-456.
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