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O domínio da técnica tem importância, porém a educação moral é mais importânte e a antecede em termois de prioridade, isso se reflete, inclusive, na valoração do papel dos educadores. O pedagogo, apesar de sua condição de escravo tem um papel considerado mais importante
O domínio da técnica tem importância, porém a educação moral é mais importânte e a antecede em termois de prioridade, isso se reflete, inclusive, na valoração do papel dos educadores. O pedagogo, apesar de sua condição de escravo tem um papel considerado mais importante
Bem significativa, a este respeito, é a evolução
semantica (estimulada desde o período helenístico) que conduziu o termo
"pedagogo" a seu sentido atual de “educador": na formação da
infância este humilde servo empenhava, efetivamente, um papel mais importante
que o mestre-escola; este último é apenas um técnico, adstrito a um setor
limitado da inteligência; o pedagogo, ao contrario, acompanha a criança o dia
inteiro, inicia-a nas boas maneiras e na virtude, ensina-a a conduzir-se no
mundo e na vida (o que importa mais do que saber ler ...). (p. 345)
Com o tempo os
profissionais da educação irão desenvolver o
ensino de seus conteúdos técnicos envoltos em uma atmosfera moralizadora
[...] o gramático que explica Homero e o retóríco que
ensina a bem falar insistem de quando em quando, no sentido moralizador de seus
autores ou de seus exercícios. Quanto ao filósofo na época a que chegamos,
aspira ele menos a desvendar a natureza profunda do universo ou da sociedade do
que a ensinar, de maneira mais prática que teórica, um ideal ético, um sistema
de valores morais e o estilo de vida adequado que permite realizá-Ios. (p. 346)
Esse sentido
prático que irá se configurar em um estilo de vida moralizador por parte do irá
promover (ou continuar promovendo) uma estreita ligação entre mestre e
discípulo
Daí a idéia de que toda formação superior supõe um
laço profundo, total e pessoal, entre o mestre e o discípulo - laço em que,
como vimos, o elemento afetivo, senão passional, desempenha papel
importantíssimo. Isto explica o interminável escândalo causado pela
comercialização do ensino, introduzida pelos primeiros sofistas, bem como a
inexistência, na Antigüidade, de estabelecimentos de ensino superior
propriamente ditos, que equivalessem a estas grandes lojas de cultura que são
as nossas modernas Universidades: para os gregos, a escola é o grupinho
fervoroso reunido pelo prestigio de um mestre, e que consolida sua unidade num
regime de vida mais ou menos contubernal, propício às relações estreitas. (p.
346)
Por esses motivos a civilização
grega pode ser caracterizada como humanista, pois
[...] o ideal clássico transcende a técnica: humano em
princípio, o homem cultivado, ainda que se torne um especialista de alta
qualificação, deve cuidar de permanecer, fundamentalmente, um homem. Neste
ponto também, o confronto com o espírito antigo é instrutivo para o moderno.
Padecemos de flagrante superestimação metafísica da técnica: talvez nos seja
útil ouvir os gregos insistirem na finalidade humana, única coisa capaz de
legitimar toda atividade especial. (p. 351)
MARROU,
Henri-Irinée. Conclusão: o humanismo clássico. In: ___. História da educação na
antiguidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 339-353.
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