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O
presente capítulo analisa a antiga
educação romana por volta do século VI / VII a.C.. Em relação a Grécia
[...] “todo o desenvolvimento espiritual de Roma está distanciado pelo menos
dois séculos do desenvolvimento do espírito grego. Sua evolução foi de modo
geral paralela, porém mais tardia, mais lenta, talvez também menos radical.”
(p. 357)
A
educação romana desse período
era uma educação de camponeses (adaptada, é claro, a
uma aristocracia). [...] A educação, para êles, é antes de tudo a iniciação
progressiva em um modo de vida tradicional. Desde que toma consciência, e já
por seus brinquedos, a criança esforça-se para imitar os gestos, o
comportamento, os trabalhos dos mais velhos. À medida que cresce, introduz-se,
faz-se admitir, silenciosa e reservada, no círculo dos grandes. Escuta os
velhos falarem - sobre a chuva e o bom tempo, sobre os trabalhos e os dias,
sobre os homens e os animais, - e inicia-se deste modo em toda urna sabedoria.
Pouco a pouco, associa-se ao trabalho dos campos, acompanha o pastor ou o
lavrador, tenta preencher seu papel e considera uma honra o fato de a julgarem
digna dele. (p. 360)
O
espaço institucional de tal educação é a família: “O quadro, o instrumento de
tal formação é a família [...] o meio natural em que deve crescer e formar-se a
criança.” (p. 361) Mesmo com o surgimento da escola, [...] “quando a instrução
coletiva no seio da escola se havia introduzido desde muito tempo nos costumes,
ainda se discute [...] sobre as vantagens e as inconveniências dos dois
sistemas e nem sempre se renúncia ao velho método, que mantinha a criança no
interior da casa paterna” . [...] (p. 361)
Porém
nesse primeiro período da educação Romana é a família que irá prevalecer na
educação das crianças, sendo que em Roma, diferente da Grécia, a mãe terá um
papel muito mais importante
A oposição entre as duas
pedagogias manifesta-se desde os primeiros anos: em Roma não é um escravo, mas
a própria mãe quem educa seu filho. Mesmo nas maiores famílias, ela se honra
com permanecer em casa para cumprir este dever, fazendo-se de criada dos seus
filhos.
Quando a mãe não podia
desempenhar sua função, escolhia-se para govemante dos filhos da casa alguma
venerável parenta de idade madura, que soubesse criar em torno de si, até nos
brinquedos, uma atmosfera de alto teor moral e de severidade. (p. 362)
Outro papel
diferenciado da Grécia será o do pai, em Roma esse personagem terá papel ativo
na educação dos filhos:
A partir dos sete anos, a criança, corno na Grécia,
escapava à direção exclusiva das mulheres, mas em Roma era para passar sob a do
pai; nada é mais característico da pedagogia romana: o pai é considerado como o
verdadeiro educador; mais tarde, quando existirem mestres, a ação destes será
sempre considerada corno mais ou menos assimilável à influência paterna. (p.
362)
As
diferenças na educação de rapazes e moças são similares as da Grécia:
Se as môças permanecem mais em casa, à sombra da mãe,
atentas em fiar a lã e aos trabalhos domésticos [...], os filhos acompanham o
pai, seguindo-o até o interior da cúria, onde com êle onde com êle assistem até
mesmo às sessões secretas do senado; iniciam-se ao seu lado em todos os
aspectos da vida que os espera, instruindo-se pelos seus preceitos e mais ainda
pelo seu exemplo. (p. 362-363)
Então havia a passagem da
fase familiar para a pública
Por volta dos dezesseis anos, a educação familiar
terminava. Uma cerimônia solenizava esta fase: o adolescente abandonava sua
toga bordada de púrpura e as outras insígnias da infância para vestir a toga
viril. Incluí-se doravante entre os cidadãos; sua formação, entretanto, não
estava concluída: antes de iniciar seu serviço militar, consagrava normalmente
um ano ao “aprendizado da vida pública” (tirocinium fori) (p. 363-364)
Esse
aprendizado da vida pública se dava através do acompanhamento de algum homem
público amigo da família.
A
educação moral do jovem romano, assim como a dos gregos, era realizada através
de uma série de exemplos legendários, no caso dos romanos esses exemplos são
tirados da história nacional, diferente dos gregos que as tiram das obras
homéricas.
Trata-se
de uma educação voltada para o campesinato:
Não há, na antiga educação latina, elemento
propriamente intelectual; este somente se desenvolveu sob a influência grega. O
jovem romano aprende unicamente o que deve saber um bom proprietário campesino
e antes de tudo a agronomia. É necessário que saiba valorizar seu patrimônio:
senão cultivar ele próprio a terra, pelo menos dirigir a exploração,
supervisionar o trabalho dos escravos, aconselhar seu feitor ou seu intendente.
(p. 372)
MARROU,
Henri-Irinée. A antiga educação romana. In: ___. História da educação na
antigüidade. São Paulo: EPU, 1975. p. 357-374
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